Estação Black • A diversidade artística de Théo Werneck

Estação Black • A diversidade artística de Théo Werneck

Por Marcelo Kurts

O Estação Black de hoje faz uma homenagem à diversidade artística de Théo Werneck, um artista de grande importância para a cultura brasileira. Uma pessoa simples e talentosa pela qual tenho muita gratidão por um simples gesto seu em colocar minha antiga banda de rap no ar num programa de TV em horário visto por muitos jovens.

Marcos Theobaldo Werneck, conhecido como Théo Werneck, é músico, ator, cantor, locutor, produtor, diretor artístico além de DJ. Formado em artes plásticas pela FAAP, fez parte da banda Luni ao lado da atriz Marisa Orth e de outros artistas talentosos. 

A banda fazia intervenções teatrais e performances musicais nas quais Théo cantava e tocava guitarra. 

Lembra aquele rap de abertura da novela Que Rei sou eu, da Rede Globo ? É da banda Luni, quem fazia as rimas era ele !

Nos anos 90, Théo Werneck teve grande participação na TV brasileira onde trabalhou como ator e DJ em programas memoráveis como Castelo Rá-Tim-Bum, Telecurso 2000, Programa H entre outros na década seguinte.

Estação Black • A diversidade artística de Théo Werneck
Théo Werneck

Em 1999, venceu o prêmio de melhor ator no curta metragem E no meio passa um trem no Festival de Gramado. Ele atuou também nas minisséries A mulher do prefeito (Rede Globo), Três Terras e As canalhas (GNT) e Assédio (Globo Play).

Foi DJ do Programa H (apresentado por Luciano Huck na Band), O+ e Superpositivo (ambos apresentados por Otaviano Costa e Sabrina Parlatore), Charme (SBT) e Tudo é possível (Rede Record).

Em 2001, interpretou o poderoso Herrera no vido clipe da canção “Hoje eu acordei feliz” da banda Charlie Brown Jr. No ano seguinte, formou o Théo Werneck Blues Trio ao lado de Paulo Tonella e BG da Gaita onde lançaram em 2018 um CD acústico.

Théo Werneck

Estação Black • A diversidade artística de Théo Werneck

Marcelo Kurts fez um bate papo com Théo e ele expôs suas ideias, trabalhos e perspectivas para o futuro, confira a seguir:

1 – Você tem um papel importante na cultura do Brasil, fale um pouco sobre sua carreira artística, tanto como músico instrumentista, cantor, ator, produtor, diretor, DJ, fale também sobre sua contribuição para o Hip Hop.

-Theo Werneck, músico, DJ, ator, locutor. Formado em artes Plásticas pela FAAP. DJ desde 1987, estréia profissional na Festa My Baby, no saudoso teatro Mambembe. Lembro que minha conexão com o Hip Hop veio pelo meu irmão caçula, Márcio Werneck, também músico, que apareceu em casa com um disco do Bambbatta,  “ Renegades of Funk “, e eu um fanático pelo Funk dos anos 70, literalmente pirei e aí começa minha conexão com o estilo. Já tinha visto alguns dançarinos pelo centro da cidade, como o Nelson Triunfo e as guangues de Break e também comecei a prestar atenção no movimento da estação São Bento do Metrô, onde conheci a Backspin, Thaide e Dj Hum, Nação Zulu, e muitos outros.

2 – Em 1989, a Rede Globo exibiu a novela Que rei sou eu, cuja trilha sonora era uma rap da banda Luni da qual você fazia parte. Era uma época em que o rap brasileiro começava a se destacar no cenário underground. Como encara a música alternativa dos anos 80 ? 

-Nos anos 80, de grande efervescência cultural, as bandas flertavam com vários estilos e eram influenciados por eles. O Luni, uma banda formada por músicos e atores, agregava aos seus shows, imagens projetadas por vídeo, toda tecnologia e tendências possíveis. Havia também, a Banda Gueto ( do meu primo Edson) que talvez tenha feito a primeira mistura de Rock, Rap e Funky 70, o Fábrica Fagus (do meu irmão Marcio) os Mulheres Negras (do André Abujamra), o Lagoa 66, entre outros.

3 – No Programa H, da TV Bandeirantes, apresentado por Luciano Huck, você era o DJ residente, além de tocar e indicar músicas, produzia também matérias, além de dar oportunidade a grupos, DJs e bandas como Jay Quest , que mais tarde mudou para Jota Quest, Câmbio Negro, O Rappa e até o Z.África Brasil (meu ex grupo de Rap). Por que não te contrataram para o Caldeirão do Huck, já que você era figura importante no H ?

-Eu Trabalhava em São Paulo e tinha um estúdio com meu irmão e o André Abujamra e naquela época, mudar completamante de vida era complicado, decidi ficar na TV Band e continuei com os outros apresentadores que vieram depois, como Otaviano Costa e Sabrina Parlatore. Na Band tive até mais espaço, pude trazer bandas de vários estilos e colocar no horário nobre da tv, como o Sepultura, o  Drum & Bass de DJ Marky e DJ Patife, Cabruera, Catapulta, entre outras e criei o BPM um quadro meu, dentro do programa que enfocava o trabalho dos DJs e pudemos realizar batalhas ao vivo, como por exemplo o clássico encontro entre DJ King e DJ Nuts, inesquecível (você pode ver no Youtube). Toda sexta-feira tinha uma batalha de DJs ao vivo e no horário nobre.

4 – Você teve papel importante na carreira do grupo Z´.Africa Brasil, que deu uma alavancada grande ao aparecer na TV em horário nobre quase toda semana. Anos à frente, você formou um trio de Blues Rural com o B.G da gaita (ex membro do Z.África). Como foi trabalhar diretamente com um grupo de rap da zona sul de São Paulo.

-O Z.África Brasil, eu os considero da minha família, aprendi muito com eles como produtor e como músico acompanhando-os em shows e turnês, e também sobre a periferia de SP.  Começamos a gravar o primeiro disco no meu estúdio e depois passamos para o estúdio do DJ Periférico (meu primo) que continuou trabalhando com eles. A conexão com o Blues já existia antes e quando vi o Fernandinho Beatbox  e o B.G. da gaita levando um Blues de gaita e Beat Box, literalmente pirei!. Anos depois procurando um gaitista para o Trio de Blues lembrei do B.G. e bastou um ensaio, estamos tocando juntos desde 2002.

5 – Nos programas Charme do SBT e Tudo é possível da Rede Record você desenvolvia também a função de DJ, porém eram formatos diferentes do que fora o H. Não te davam espaço para desenvolver assuntos ligados à música ?

O H, o O+ e o Superpositivo eram programas diferenciados, um novo formato de interação, pré internet, pra galera que se identificava com as músicas, com os assuntos e com os artistas que trazíamos ao programa , ao vivo, que fazia toda diferença. Já os programas da Record e SBt eram voltados para um público familiar, e tive a honra de trabalhar com grandes apresentadoras como  Adriane Galisteu e Eliana.

6 – Além da música você é ator e diretor artístico, lembro de sua participação em programas infanto-juvenis e educativos da TV Cultura como Castelo Rá-Tim-Bum e Telecurso 2000. Conte-nos.

Foram trabalhos que tenho muito orgulho de ter participado, especialmente o Telecurso 2000, que levava educação para tanta gente. Rá tim Bum, Castelo Rá tim Bum, Revistinha, todos foram de grande aprendizado e crescimento para o meu trabalho.

7 – No vídeo clipe da canção Hoje Eu Acordei Feliz da banda Charlie Brown Jr você atuou interpretando um  poderoso gangster. Como foi participar de um trabalho áudio visual da banda brasileira de maior sucesso da época.

O Charlie Brown Jr. foi uma banda que me identifiquei de cara, a fusão do Rock com Rap e Funk me fisgou e o conteúdo da maioria das letras sempre foram e serão de grande importâcia, além de estarem vinculados ao Skate, esporte que eu amo e pratiquei durante muito tempo. Ficar amigo deles foi uma consequência imediata. O clipe é de uma ousadia sem igual, três músicas em uma, quase um curta-metragem, tem a direção do André Abujamra, que é como irmão, mais a oportunidade de contracenar com o Antonio Abujamra. Inesquecível.

8 – Paralelo aos trabalhos da TV você toca em festas na cidade de São Paulo como DJ. Fale sobre alguns de seus projetos.

-Neste momento de Pandemia, os projetos parados, mantenho meu programa “Soultrem Das Onze na https://dublab.com.br/ , sempre um programa novo quinzenalmente.

9 –Em época de pandemia a classe artística foi afetada com o cancelamento de inúmeras atividades. Como está se adaptando aos novos tempos ?

-Tudo muito difícil, com um governo que classifica a classe artística como inimigo fica mais difícil ainda. Tive que me desfazer de muita coisa, casa, equipamento, carro, etc. Enfim, um momento de trevas na cultura do país. O que nos leva a refletir e nos reinventar. 

10 – Vamos falar sobre política ! Como reagir num cenário pandêmico e negacionista onde o país está dividido entre direita e esquerda ? Você consegue enxergar uma luz no fim do túnel brasileiro ?

-Como disse na pergunta anterior, o cenário é muito complicado. Nossa atitude deve ser, pelo menos para mim, de nos posicionar e  nos colocar sempre pela verdade, pela ciência, pela cultura, pela diversidade, pela distribuição de renda justa, pelo incentivo a criatividade, pela oportunidade de crescimento para todas, todos e todes.

Se há luz no fim do túnel ? 

Caminharemos com lanternas, as lanternas da “Verdade”. 

E a luz se fará!

11 – Considerações !

– Gratidão pela oportunidade irmão, vida longa a todos os seus projetos.

Contatos

Instagram – @theowerneck

Facebook – Théo Werneck

Para ouvir

 

Marcelo Kurts escreve sua coluna, a Estação Black, todos os sábados na Expedição CoMMúsica.

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