Conta Comigo entrevista a escritora Milena Maria

Conta Comigo entrevista a escritora Milena Maria

 

Conta Comigo entrevista a escritora Milena Maria Michele Machado Fernandes escreve a coluna semanal Conta Comigo! todas as quintas-feiras. Gosta das publicações e quer conhecer mais sobre autoras mulheres? assine uma de nossas listas de e-mails e receba todas as atualizações da Expedição.

 

Dando sequência às entrevistas com as autoras da primeira obra lançada pelo Coletivo Escreviventes, “De Corpo Inteiras”, hoje vamos conhecer melhor Milena Maria.

Confira mais sobre a coletânea “De Corpo Inteiras” no artigo “Autoras independentes lançam livro inspirado no corpo feminino.”

Conheça a autora:

Perita criminal, com formação em arquitetura e direito e várias especializações (amo estudar), inclusive em Letras com foco em crítica literária, escrevo desde criança, mas só a partir de 2018 passei a me dedicar mais ao que entendo ser a missão da minha vida. Isto aconteceu com a criação do meu perfil @milmarias_escritora, onde publico prosa e verso, inclusive contando “causos” e fazendo leitura interpretada de contos, crônicas e poemas autorais. Ganhei alguns prêmios literários, sendo de maior expressão a menção honrosa (2° lugar) na categoria Contos da Academia Alagoana de Letras, em 2018.

Conta Comigo! entrevista a escritora Milena Maria
A escritora Milena Maria

Michele Machado Fernandes entrevistou a escritora Milena Maria. Confira a seguir:

O que levou você para o mundo da escrita?

Talvez a mão de minha mãe, que me ensinou a ler aos cinco anos, sendo que não fui para a escola infantil, talvez os poemas de Cecília Meireles, na primeira série, mas mais provavelmente o desejo de expor como vejo o mundo, sendo que o que me desafia é levar cultura para o povo do meu país. Por isso, também apoio outros autores nacionais iniciantes.

Na sua opinião, qual é a maior dificuldade entre as autoras contemporâneas ao escrever e publicar suas obras?

Pelos números, no Brasil, lê-se pouco, principalmente ficção. As mulheres ainda têm o agravante de um histórico de segundo plano das editoras, assim constando em levantamentos à disposição do público. Mas temos um diferencial positivo que suplanta as dificuldades: resistência com ação. E sabemos trabalhar juntas. Nossa literatura fala de nós e de qualquer assunto que quisermos. Somos seres feitos de muitas sensibilidades e habilidades. Muitas se doam pelas outras. E prosseguiremos nesta construção.

Como é a experiência de fazer parte de um coletivo de mulheres escritoras como o Coletivo Escreviventes?

Fantástica! Uma forma de aprender a criticar e ser criticada com respeito e em construção de uma obra mais rica, visto que produzimos e analisamos os textos umas das outras. Para mim, o primeiro livro que fizemos juntas, o “De Corpo Inteiras”, é um fruto maduro que foi acalentado e cuidado desde a concepção na nossa aldeia. Agora ele tem várias mães, todas orgulhosas, e está no mundo para o deleite e a reflexão do público. Que experiência seria tão gratificante?

Qual foi o maior desafio ao se escrever sobre o corpo feminino?

Ficar no tema buscando a mensagem que atravessava a parte do corpo escolhida. Mas, toda vez que me desafiei para uma certa parte, tive um vislumbre poético sobre o que escrever, uns mais autobiográficos, outros como que me puxando para experiências das ancestrais. Foi catártico!

Conte como foi o seu processo criativo em um dos contos presentes na coletânea “De Corpo Inteiras”.

Em “Lua Nova”, quando escolhi falar sobre cabelos, veio-me a imagem de uma mulher arrancando-os. Não sei se por inspiração na minha leitura atual de “Mulheres que correm com os lobos”, onde há histórias sobre tradições femininas, de mulheres que constroem a partir de quase nada, brotou um conto visionário, de resgate do elo entre fêmeas humanas e sua magia para a sobrevivência, que vai além do corpo, tratando dos direitos sobre a maternidade, mas também da cura necessária para uma sociedade doente.

Sobre escritoras mulheres:

O que significa para você ser uma escritora mulher em um mundo ainda dominado pelos homens?

Sempre me senti um ser humano igual aos outros. Nunca vi o gênero antes do ser. Mas sei do retrocesso que vivemos em nossa sociedade atual. Disse antes das capacidades das mulheres. Confio que nós podemos pôr os muros a baixo e ensinar como se respeita a alteridade. Então, a mulher conseguirá o mesmo espaço social que o homem, considerando aí que a literatura está no cerne da cultura humana. Ela conta o que se precisa conhecer por todos e todas, pode evitar a repetição de erros, despertar.

Qual dica você daria para as mulheres que desejam começar a escrever.

Leia e escreva diariamente. Estude literatura. Procure um grupo de autoras, porque o apoio de outras mulheres aquecerá seu coração. Se não gostar do grupo, troque; da experiência, faça sozinha. Mostre seus textos a pessoas próximas que sejam capazes de dizer o que pensam sem ofendê-la, porque a autoestima não merece abalo, especialmente no começo.

Cite uma frase marcante de um dos seus contos.

“Eles vão tentar te descascar pra descobrir o que não entendem, mas tu sabe quem tu é e o mundo tem que te respeitar. Nunca mais deixe marcarem tua pele.” (Da mãe para Mariana, protagonista transgênero de “Espelho Meu”.)

A coletânea “De Corpo Inteiras” está disponível no Amazon por R$5,99 (preço promocional de lançamento) ou gratuitamente para assinantes do Kindle Unlimited. Clique aqui para adquirir o seu e-book.


Expedição CoMMúsica

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