Manifesto da Expedição CoMMúsica

Manifesto da Expedição CoMMúsica – Conexão entre as quebradas

 

A cultura participativa é construída pela colaboração entre os indivíduos, resultando em uma inteligência coletiva e é única para a aprendizagem musical, produção, divulgação e continuidade entre os participantes. Viver a cultura participativa das quebradas é uma das experiências mais originais para entender a economia marginal. Como fazer viver a música, com os recursos que faltam?

A integração entre produtores e consumidores de mídia faz os artistas serem os profissionais de mídia, comunicação e marketing. O hip-hop, reggae, trap, samba, rock, punk de periferia estão estabelecendo algumas linhas de atuação para a música e a divulgação, principalmente movidas pelo isolamento e afastamento pessoal motivados pela pandemia. A produção musical não para, mesmo com as restrições impostas pelo vírus. O uso das plataformas para a veiculação de lives, divulgação de clipes, assim como o compartilhamento de músicas são os recursos de continuidade e de interação neste momento.

No Brasil, em 24 de março de 2020, São Paulo e Rio de Janeiro decretam a quarentena e tem início o longo isolamento que ainda vivemos. E nesse tempo, estamos aprendendo que é possível viver sem ir a restaurantes, bares, shoppings; que é possível ficar mais em casa; que podemos viver sem tanto contato humano presencial, consumindo menos e sendo mais solidários.

Entendemos também que seria impossível viver sem algo muito importante em nossas vidas: A arte! Nessa última década, surgiram muitos debates que questionaram a importância da arte, dos artistas e a validade e importância das profissões envolvidas e, durante a pandemia, o debate público passou a questionar como viveriam os artistas independentes, durante o isolamento. Devido à quarentena, muitas pessoas se viram isoladas e perceberam como a música, o audiovisual e artes em geral são imprescindíveis para a saúde mental, principalmente numa sociedade onde a internet e tecnologia dominam as relações sociais e informativas.

As lives, saraus on-line, lançamentos digitais e encontros sociais através de diversas plataformas tornaram-se necessários e, nesse cenário, os artistas precisaram se adaptar e buscar novos recursos digitais que aproximassem sua arte do público e buscar formas de angariar recursos para a sobrevivência.

Desde a ascensão da internet, redes sociais e canais de áudio e vídeo, a música tornou-se mais acessível. Aos poucos, muitas pessoas deixaram de consumir discos, fitas e cds para ouvir música on-line e em aparelhos digitais. Por mais que a divulgação e o acesso à música tenham se tornado mais fáceis para os artistas independentes, por outro lado, a indústria fonográfica também precisou se adaptar para seguir crescendo com a chamada música comercial. E a indústria cultural segue considerando a homogeneização do gosto, concentrando lucros para as grandes corporações ao lado de um mercado independente expandido pelo acesso à internet. Dentro de um mundo capitalista, a lei de “quem tem mais, impera” e do marketing musical, músicas quase sempre vinculadas a bens de consumo e padrões estéticos chegam cada vez mais aos ouvidos das pessoas de forma instantânea.

A atual música comercial propõe temas repetitivos que dominam o mercado fonográfico e os ouvidos da população. Impedem que as pessoas conheçam músicas novas e com temáticas diferentes através de um marketing agressivo, dominando até mesmo o sistema de algoritmos das redes sociais. Temas como a desigualdade social, racismo e equidade de gênero ficam de fora das composições comerciais, temas estes que estão diretamente vinculados às vivências de artistas independentes e periféricos. Promover a divulgação da música periférica é promover debates extremamente importantes, mas que são ignorados pela grande mídia como: a violência de gênero, principalmente contra as mulheres, violência contra as crianças, LGBTQI+fobia, desigualdade racial e a proteção ao meio ambiente. As músicas que vêm das periferias trazem essas temáticas como forma de resistência e combate a um cenário dominado por temas que alienam a população, partindo do princípio de que a música também é um forte canal de informação, comunicação e de transformação social.

Sabemos que nessa luta não estamos sozinhos, pois a música independente está crescendo e a periferia vem encontrado formas de inovar e de alcançar pessoas através de canais como o YouTube, festivais voltados à música periférica e lançamentos digitais em meio a uma indústria fonográfica que privilegia poucos artistas, com muito lucro para corporações.

Esses artistas precisam ser ouvidos! E suas histórias serão contadas! E é nesse cenário de contribuição e inovação que a plataforma CoMMúsica elabora seu principal objetivo: Ser um canal de interação entre artistas periféricos e independentes, democratizando o acesso à música.

Nossas hashtags são #conhecimentocompartilhado #ajudamutua #autogestao #meioambiente #expedicaocommusica

Assinam o Manifesto da Expedição CoMMúsica:

Dênio Patrik

Grívan Narvìg

Elizabeth Del Nero

Contexto gerador

Uma viagem libertária pela música e pela poesia

A pandemia nos fez mais introspectivos. E isolados. Ao invés de sair de casa, muitos e muitas optaram por algum recurso digital para manter uma amizade, fazer outras, ler sobre outros assuntos, assistir e participar das tantas lives disponíveis. Ouvir música também. Nessa intensa utilização da internet para as relações sociais, os ambientes digitais de relacionamento tiveram suas bolhas remodeladas, os usuários são como ondas surfando pelos grupos, redes e plataformas. Aprendemos sobre como usar recursos antes nem imaginados, buscamos outras rotas de navegação. As plataformas mostraram seu lado mais positivo ou mais cruel: interação entre os diferentes ou muros transparentes e (quase) intransponíveis. É nesse contexto que a plataforma da Expedição CoMMúsica finca sua bandeira negra, para contar uma outra história.

Como começamos

O Projeto CoMMúsica começou com a ideia de estudar a produção musical independente nas periferias de São Paulo, especificamente os músicos não integrantes de coletivos. Durante pouco mais de um ano, em 2017/18, divulgamos músicos de trap do município de Pirituba, era a 3DTrapLife, e as ações foram avançando para um modelo mais amplo e narrativo. A conexão com o audiovisual era a principal necessidade e também a maior dificuldade. Os custos são altos e é preciso ter pessoal qualificado, equipamentos…

Em 2019, o projeto “Plataforma audiovisual CoMMúsica – a conexão entre músicos das quebradas” teve a reflexão acadêmica iniciada na UFSCar, no curso de especialização em Produção de conteúdo Audiovisual para Multiplataformas, e agora lançamos o Manifesto de nosso protótipo. Participaram da redação deste documento o músico Dênio Patrik, da banda punk Arma de Fogo, do Amapá, Grívan Narvìg, cantautor independente, de São Paulo e a idealizadora e gestora do projeto, Elizabeth Del Nero.

Para contribuir com o projeto:



 

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